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Multicausalidade

A hipótese atualmente em vigor entre os investigadores é a de que a doença de parkinson é uma doença multifatorial com determinantes de natureza genética e ambiental  associados ao envelhecimento populacional progressivo.

 

Stress oxidativo

A substantia nigra é particularmente permeável a lesões oxidativas devido aos processos inerentes à degradação da dopamina e ao seu elevado teor em ferro. Relativamente à degradação da dopamina é relevante mencionar que durante o seu processo de auto-oxidação, mediante a intervenção de uma enzima designada monoamino-oxidase, forma-se um composto extremamente reativo denominado peróxido de hidrogénio. As células são constituídas por sistemas enzimáticos capazes de eliminar e inativar os compostos reativos produzidos em excesso, de modo a favorecer o equilíbrio celular. Se tais sistemas enzimáticos não exercem as suas funções da melhor maneira verifica-se uma acumulação/excesso intracelular destas espécies reativas que, por sua vez, interagem com outras biomoléculas (proteínas, lípidos, DNA) contribuindo para a morte das células. O facto da substância negra possuir um elevado teor de ferro faz com que, após a formação do agente reativo peróxido de hidrogénio, ocorra uma reação química entre o ferro da substância negra e o mesmo que conduz à formação de um radical livre extremamente tóxico, o hidroxilo. Estas duas propriedades da substância negra têm um impacto negativo nos neurónios produtores de dopamina, visto que estes se tornam muito vulneráveis ao stress oxidativo. Os investigadores identificaram evidências de inúmeras lesões oxidativas designadamente a acumulação de proteínas oxidadas e de fragmentos de DNA.

 

 

Disfunção do complexo I mitocondrial

As mitocôndrias são  estruturas celulares capazes de munir o organismo humano com energia e, atualmente, estão implicadas no desenvolvimento da doença de parkinson. Estes organitos celulares possuem o seu próprio DNA (DNA mitocôndrial). Investigações acerca do papel da mitocôndria na doença de parkinson apontam para anomalias do complexo I mitocrondrial (grupo proteíco). Diversas linhas de investigação sugerem que as mitocôndrias desempenham um papel fulcral na agregação proteíca, na formação de corpos de Lewy e na morte neuronal. Adicionalmente, as mitocôndrias são estruturas produtoras de radicais livres (moléculas altamente instáveis que danificam diversos componentes celulares tais como as membranas plasmáticas, as proteínas e o DNA. Este processo de deterioração celular designa-se stress-oxidativo e é importante realçar que as mudanças subjacentes ao mesmo vão desde a danificação das moléculas de DNA, das proteínas e dos ácidos gordos. As investigações demonstram que uma vasta panóplia de toxinas ambientais  (MPTP, pesticidas e herbicidas) podem afetar o complexo I mitocondrial e, consequentemente, causar o aumento da produção de radicais livres. A exposição ao herbicida rotenone  provoca  danos nas moléculas de DNA, causa  oxidação proteíca, aumentando, portanto, a morte celular induzida pelos radicais livres, conduz a mudanças patológicas, bioquímicas e comportamentais presentes na doença de parkinson, inibe o funcionamento do complexo I mitocondrial e origina a degradação dos neurónios dopaminérgicos. Recentemente os cientistas descobriram que existe uma variação genética específica no DNA mitocondrial que aumenta o risco de desenvolver a doença de parkinson.

Fig.1 As disfunções nas mitocôndrias, estruturas celulas produtoras de energia, por excelência, das células têm sido implicadas no desenvolvimento da doença de parkinson.

 

 

Presença de corpos de Lewy

Os neurónios  dopaminérgicos  podem apresentar inclusões citoplasmáticas características designadas corpos de Lewy.  Os corpos de Lewy são aglomerados proteícos  que se instalam e acumulam no interior destes neurónios, interferindo com a transmissão de sinais nervosos e danificando-os. A presença de corpos de Lewy é visível noutras doenças.

 Fatores endógenos

Fig.2 O círculo a roxo representa um corpo de Lewy no interior de um neurónios dopaminérgico.

Exposição a toxinas ambientais

As toxinas ingeridas ou inaladas podem danificar e comprometer o funcionamento orgânico. Investigações demonstram que a exposição excessiva a um tóxico ambiental específico, a químicos industriais (herbicidas e pesticidas), a neurotoxinas, a resinas, a químicos e metais incrementa o risco de desenvolver doença de Parkinson. Por exemplo, o pesticida rotenone danifica as mitocôndrias e consequentemente afeta a produção de energia deste  organito celular, causando a sua morte. Uma das principais evidências a este respeito reporta-se ao aumento do risco de aparecimento desta doença em países industrializados. Adicionalmente, estudos realizados demonstraram que os agricultores, profissões associadas a atividades industrias, ou outras que envolvam a exposição a determinados metais e químicos, manifestam um risco acrescido de desenvolver a doença.  Indivíduos que acidentalmente foram expostos a uma neurotoxina designada 1 - metil - 4 -fenil -1, 2, 3, 6 - tetragidropiridina (MPTP), um composto estruturalmente semelhante aos compostos presentes nos pesticidas, desenvolveram a doença de Parkinson. O MPTP é o tóxico ambiental mais conhecido, até à data, por causar especificamente a morte dos neurónios produtores de dopamina da substância negra. Quando o MPTP se encontra nas células é convertido em MPP+ por meio da ação da enzima monoamino-oxidase-B (MAO-B). O MPP+ é um produto extremamente tóxico para os neurónios dopaminérgicos pois inibe o complexo I mitocrondrial, o que afeta a produção de ATP (energia) das mitocôndrias e, por conseguinte, conduz à sua morte celular.

 Fatores exógenos

 

 

Outros fatores

História familiar

 

Os estudos genéticos permitiram a identificação de 9 genes associados à doença de Parkinson: PARK 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10.  Se a doença de Parkinson tiver grande expressão na história familiar do indivíduo, é possível que o mesmo herde alguns destes genes, todavia, o desenvolvimento da doença com base da manifestação genética destes genes representa uma probabilidade mínima.

 

Peso

 

Ter excesso de peso acarreta uma série de problemas graves para a saúde. Existem alguns indícios que levam os investigadores a crer que o excesso de peso na 3ª idade pode estar associado ao desenvolvimento de Parkinson.

 

Níveis reduzidos de nutrientes B6, B12 e folato

 

Estes nutrientes são essenciais para a manutenção do bom funcionamento orgânico. Os investigadores indicam que com o avanço da idade, as pessoas tendem a apresentar défices ao nível destes três nutrientes essenciais, sendo que, esta carência pode estar de algum modo associada com o desenvolvimento de Parkinson. Ainda é necessário apurar, cientificamente, se os baixos níveis destes nutrientes estão intimamente ligados com o aparecimento da doença.

      Referências Bibliográficas:

 

  •  Ferro, J. C & Pimentel, J. (2006). Neurologia: princípios, diagnóstico e tratamento. LIDEL, edições técnicas Lda, Lisboa.

Golbe, L. I., Mark, M. H., & Sage, J. I. (2009). Parkinson’s Disease Handbook. New Jersey. Estados Unidos.

 

  •  Gouveia, E. J. (2008). As Alterações Cognitivas na Doença de Parkinson: Défice Cognitivo, Demência e Aspectos Neuropsiquiátricos Associados. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, Covilhã

 

  • National Institute of Neurological Disorders and Stroke. (2004). Parkinson’s Disease: Challenges, Progress, and Promise. Nova Iorque, Estados Unidos.

 

  • Santos, F. S. B. H. (2009). Alterações cognitivas e demência na doença de Parkinson. (Dissertação de Mestrado). Universidade de Coimbra, Coimbra.

 

 

 

Discentes: Diogo Mendonça, Dinis Martins, Helena Andrade, Joana Câmara, Marta Fernandes e Sofia Santos.

 

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